31 de julho de 2010

Incompletude

Me pergunto, e irei me perguntar, creio, por toda a vida, o que nos leva a ter esse sentimento de incompletude?

Esse sentimento maluco que nos faz sentir parte de algo, não indivíduos.

Que nos faz sentir imensa solidão, mesmo quando estamos acompanhados por outros, o que nos faz sentir carência?

Cansei de estar em companhia agradável, e desejada, inclusive, no entanto, sentindo aquele vazio no peito, de incompatibilidade com o mundo, é quase como se não me sentisse apta a habitá-lo.

Segundo Gikovate, após o parto, ou seja, com o nascimento, rompemos nossa ligação com o paraíso – local este de amor, de tranqüilidade, onde não há dor, medo, e todas necessidades são sanadas pelo cordão umbilical – e portanto, nossa busca girará eternamente em torno desse mesmo sentimento pacífico da vida intra-uterina.

Legal.

Belo ponto de vista.

O fato, que não mudará com teoria alguma - tipo, o que explica não justifica, sabe? - é, que em muitos momentos iremos nos pegar imersos na mais absoluta falta de motivação, na saudade de um não sei o que, no desejo de não sei onde.

Vai dizer que ser humano não é difícil?

Eu mesma, que possuo um agravante, a hiperprolactinemia, desejo certas vezes me isolar do mundo, e pelo humor peculiar que aterrissa em minhas colocações, se torna mesmo aconselhável. =)

Acabo de receber uma chamada de uma amiga em que chora e afirma estar sendo submetida a solidão, mesmo estando em casa, reunida a família, mesmo tendo encontrado o grande amor de sua vida, mesmo tendo um ótimo trabalho, e uma vida desde sempre desejada.

Incrível ter me procurado justo quando pensava sobre a incompletude.

É... Não há dúvidas, nos seguirá pela vida, e mesmo que muitas vezes seja a responsável por grandes feitos, mesmo sendo o elemento motivador de grandes descobertas e a faísca que move a evolução humana, ainda a acho muito desconfortável.

Será severamente duro conviver com tais manifestações, mas, o que há de se fazer?


=0


=)


;)


*A vida tem tantas coisas sem explicação, não é?

Essa é apenas, mais uma delas...

Allora, è proprio così... Come la vita...


26 de julho de 2010

Tripulante Extra


Você recebe uma escala mensal, que descreve seus horários de voos, os lugares por onde irá passar, e onde irá pernoitar, então, você organiza o restante: onde, o que, e que horas vai comer, malhar, correr, badalar, se o hotel tem internet, se o pernoite é em região de praia, o que deve colocar na mala, quanto tempo tem de sono, quanto tempo terá para estudar, até que horas vai o café da manhã, que hora deve despertar, como vai dispor o tempo de suas folgas para todas suas necessidades, e daí vem o ponto chave, o bendito que mora fora de São Paulo ainda tem a maratona até em casa, o que implica em casar o seu horário de chegada de uma programação, com os voos disponíveis para sua cidade.

Tudo pronto. Organizado. Esquematizado.

Mas, como nem tudo são flores, e para a loucura dos perfeccionistas, a escala altera, e você que estava organizado para passar o dia em Natal/RN, ir a praia, passear, deve reorganizar-se rapidamente, pois agora irá pernoitar em Foz do Iguaçu, sendo apenas um detalhe os 20º graus a menos de diferença entre essas cidades.

Entretanto, um detalhe específico lhe vem a mente, na escala publicada no início do mês, ao final do voo, você chegaria a São Paulo em Guarulhos, às 13hs, e pegaria o voo pra sua casa das 15hs, so perfect!, não mais, pois agora, você chega no Rio de Janeiro às 17h30, e seu voo para casa é as 18hs, ou seja, se decidir ir para São Paulo como tripulante extra remunerado (a trabalho), perderá o último voo saindo de Congonhas, o que quer dizer que só conseguiria ir para casa no dia seguinte, então, correeeeeeeeeeeee (risos)... Precisa imprimir um passe GIG/FLN, subir a mala, pois no GIG a mala vai para esteira... Termina o serviço já pensando: - Porque o comandante ainda não fez o speech de descida? Hunf... se despede dos colegas antes do pouso, e pousa, ufa!... Jesusssss, o táxi não termina nunca, começa contar os segundos no relógio pra ver se ele passa mais devagar, e torce para que seu voo esteja atrasado. Abre a porta, foi dada a largada, fala com o despachante: - Onde está o Floripa? " Correeee, e lá vai a comissaria correndo com mala, porta-casaco, bolsa, e detalhe: de salto. Sai corredor a dentro, desce escada, sobe escada, passa no portão, entrega o passe voando e tcharaaammmm... Chega na porta da aeronave, suada, esbaforida e faz a tão desejada pergunta: - Me leva de extra?

Entra, toma um copo de água, guarda suas coisas e senta-se... Adormece, e acorda com o coração sorrindo, ao ouvir o speech de pouso.

Amo voar, mas todo esforço é válido para estar em casa!

=)


13 de julho de 2010

Salve, Lunedì!!

Odeio liquidações.

Esta é a pior fase do ano, especialmente para mim, que sou uma consumista assumida.

Caí na grande besteira de ir ao shopping no final de semana.

Que horror!

Voltei para casa com uma enxaqueca brutal e estressadíssima.

Além das vitrines deixarem de ser arte, para se transformarem em prateleiras de consumo para medíocres que buscam quantidades, acesso, as lojas ficam abarrotadas e as pessoas enlouquecidas em busca de algo que lhes sirva. É o fim.

E o cinema?

Cruzes.

Polidez e cordialidade? Pra quê?

Amo shopping. Mas desta vez é promessa:

Shopping somente às segundas-feira e após chegarem as novas coleções.

10 de julho de 2010

Introspecções I

Dias desses, um amigo me perguntou: - Porque você está sozinha?
Hesitei.

Pra ser franca, essa é realmente uma grande questão.
O fato é que não me sinto sozinha.
Gosto da minha família, dos meus amigos, e tenho por vezes, confesso, certa urgência em companhias agradáveis e digamos um pouco mais politizadas, para fazer coisas diversas que me encantam, como teatro, cinema, um belo jantar, sentar no parque, ou viajar...
Bem normal, não é?

Mas o ponto que quero chegar, é que as pessoas confundem muito as coisas, creio.
Não namoro, nem sou casada ou qualquer outro título que possa caber na sociedade, mas não sou infeliz por isso.
E muitas pessoas não o são, gostam de estar solteiras, gostam da solidão, não com toda essa carga negativa que depositamos historicamente ao termo, mas visto de uma maneira bem simples, gostar de estar consigo mesmo.
Conheço pessoas, solteiros convictos, que amam seus estilos de vida, e jamais estão sós.

O que acontece com a nossa cultura de inserir informações de pacote como verdades absolutas é desumano, por não nos dar a oportunidade de escolher.
Ainda bem que as coisas estão mudando.
Tenho lido as teorias de Flavio Gikovate que fazem um sentido mágico aos meus olhos, embora é claro, existam brechas, por sermos sensíveis e carentes, muitas vezes nos deixamos levar por emoções efêmeras e nos colocamos em posição de risco, risco à nossa integridade emocional, mas pelo meu ponto de vista isso também faz parte do jogo da vida, que é aprender a lidar com nossos sentimentos, desejos, e com os desdobramentos de nossas próprias ações e intenções.
Existem inúmeras razões para que as pessoas optem por não se envolverem em relacionamentos amorosos sérios, mesmo sabendo que amar seja muito bom, é preciso ser assertivo, aparar arestas, conhecer-se, certificar-se de afinidades e "desafins", isso sem contar nos valores sexuais, entre tantos outros.
Sou a favor do amor, como sempre mencionei neste espaço, mas como fruto de algo real, livre, entre pessoas dispostas.

Meu Caro Vinícius:
Estou sozinha por adorar estar sozinha, porém, estou sim, aberta ao que se estabelecer verdadeiramente.

=*

7 de julho de 2010

Un attimo di sensibilità

É um tanto suspeito a maneira como os tempos de mudanças chegam, atropelam todo o concreto construído por nós, nos jogam novas verdades na face, levantam questionamentos que até então, estavam inertes, e nos obrigam a falar.

Precisei falar pra mim mesma que estava cansada das cobranças que exercia sobre mim quanto minhas notas da faculdade, pois minha vida é corrida, e portanto, não posso ser DEZ sempre.

Precisei falar pro meu coração: - Acalma-te, que deverás bater mais forte, mas no momento criado para ti, no momento em que houver a prudência dos que não tem pressa, a reciprocidade, a liberdade de ser e o poder exercer a individualidade.

Precisei falar às minhas amigas que lhes dedico a mais terna e sincera amizade, e que cada uma ocupa um espaço diferente, porque dou valor a coisas diferentes, e que de fato, meu olhar pra vida não é lá muito tradicional.

Precisei adoecer, para falar: minha saúde é o bem mais importante que a Vida à mim dedica, e devo honrá-la com a delicadeza das flores que sorriem ao desabrochar.


Sim, amansa-te "peixinha", e nade com intensidade, brinque com bolhas de ar, sacuda suas nadadeiras rumo ao bem, ao sons do seu coração; escute a natureza, pois ela sim, saberá indicar-te o caminho da paz a seguir...


A mensagem que vos trago hoje, queridos amigos, é de que tenhamos mais sensibilidade para escutar a vida, e quanto ao fluxo que nos envolve, que siga a velocidade que bem entender!

;)

=*